O Natal é uma data marcada, na religião católica, por relembrar o nascimento de Jesus Cristo. Comercialmente falando, representa o ‘Papai Noel’, troca de presentes e luzes pisca-pisca. Para uma moradora centenária de São Vicente, no litoral de São Paulo, porém, o significado é outro, já que a data ainda traz lembranças da mãe, falecida há mais de 80 anos.
“Mamãe fazia biscoitos de polvilho”, recorda a idosa Maria da Conceição Ramos Vidal, de 102 anos. “Meus irmãos queriam comer antes da hora, mas enquanto não fizéssemos as rezas, ela não deixava”. Dona Conceição era a segunda filha na linhagem de 13 irmãos. “Ela era muito boa. Não digo isso porque era minha mãe”.
A mãe de Conceição faleceu no parto da caçula da família, Marinha, quando a idosa tinha apenas 20 anos de idade. Sendo a mais velha das mulheres, ela assumiu o papel da mãe e os deveres de cuidar da casa em que a família morava, em um sítio no interior de Minas Gerais.
Nas manhãs do dia 25 de dezembro, Conceição conta que distribuía terços em caixas feitas à mão para as crianças da região no centro da cidade. À noite, era o momento da reunião em família. “Está tudo diferente de antes. Não tinha presente. Mas tinha muita comida”. “A mesa era cheia, mamãe fazia bolos, biscoitos e assava carnes. Tinha uma missa dentro de casa antes da ceia”.
Quando assumiu o comando da família, Conceição conta que fazia a comida para o pai e os irmãos. “Mamãe fez os primeiros Natais, depois deixou para mim”, conta. “Tinha galo de roça, que a gente criava e assava tudo à lenha. Minha irmã fazia pão-de-ló todo ano. Tudo que era bom a gente fazia no Natal”.
De lá para cá, foram muitos anos. Hoje, aos 102 anos, a idosa conta que não tinha decoração especial para as festas natalinas. “Não tinha árvore de Natal. Nesta época, eu estaria fazendo alguma colheita”. (G1)