Faixa de 20 a 29 anos registra maior aumento de mortes no Brasil, diz Fiocruz
O novo boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, divulgado nesta sexta-feira, aponta uma progressão do rejuvenescimento da pandemia da Covid-19 no Brasil. Os dados mostram que a faixa etária de 20 a 29 anos foi a que registrou maior aumento de mortes pela doença e entre 40 e 49 anos houve o maior crescimento do número de casos.
O boletim também destaca que nas duas últimas semanas houve a estabilização do número de casos e óbitos por Covid-19 no país, o que, segundo os autores, caracteriza a formação de um novo patamar de transmissão, com a sustentação de alta incidência e mortalidade.
“Se em 2020 o patamar ficou conhecido pelo óbito diário de 1 mil pessoas, nas próximas semanas este valor pode permanecer em torno de 3 mil óbitos. A alta proporção de testes com resultados positivos revela que o vírus permanece em circulação intensa em todo o país”, informa o documento.
Segundo a Fiocruz, o aumento de casos de Covid-19, para todas as idades, entre a semana de 3 a 9 de janeiro e a de 4 a 10 de abril foi de 642,80%. Algumas faixas etárias apresentaram crescimento superior ao global: 20 a 29 anos (745,67%), 30 a 39 anos (1.103,49%), 40 a 49 anos (1.173,75%), 50 a 59 anos (1.082,69%) e 60 a 69 anos (747,65%).
Para os óbitos, o aumento global foi de 429,47%. As mesmas faixas etárias tiveram alta maior do que a média: 20 a 29 anos (1.081,82%), 30 a 39 anos (818,60%), 40 a 49 anos (933,33%), 50 a 59 anos (845,21%) e 60 a 69 anos (571,52%).
Ainda comparando os mesmos períodos, em janeiro, a proporção de pacientes com menos de 70 anos internados em leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) foi de 52,74%, enquanto em abril foi de 72,11%.
A idade média dos casos internados era de 62,35 anos entre 3 e 9 de janeiro, e passou para 57,68 entre 4 e 10 de abril. Para óbito, os valores passaram de 71,56 anos para 64,62 anos.
“Estes números, segundo a investigação, sugerem que a ocupação dos leitos de UTI por população menos longeva tem aumentado”, informa o boletim.
Os autores destacam que o cenário pode ser influenciado por uma maior flexibilização do distanciamento nas idades mais jovens, por exaustão do confinamento ou necessidade de retorno ao trabalho presencial. E acrescentam, ainda, que os dados sugerem “algum efeito do aumento da cobertura vacinal” entre as faixas etárias mais longevas, mas ponderam que análises mais robustas nas próximas semanas são necessárias.
Segundo o boletim da Fiocruz, é possível observar uma tendência de redução das taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) em diversos estados, mas elas se mantêm, em geral, em níveis muito elevados.
Dados de 19 de abril, em comparação aos do dia 12, indicam a saída do Amapá da zona de alerta crítico para a de alerta intermediário. Já se encontravam nessa zona o Amazonas, Maranhão e Paraíba.
Os demais estados e o Distrito Federal permaneceram em alerta crítico, exceto por Roraima, que está fora da zona de alerta. (O Globo)