Mulheres ainda longe do poder
O número de mulheres com mandato político dobrou em Pernambuco para vagas da Assembleia Legislativa. De cinco deputadas, o estado passará a ter 10 a partir de 2019, porém ainda é um desafio para o sexo feminino conquistar a igualdade entre tantos ternos e gravatas. Apenas uma mulher se elegeu deputada federal pelo estado, Marília Arraes (PT) e não há pernambucanas no Senado. No ranking do Nordeste, em levantamento feito pelo Diario, Pernambuco ficou em quinto lugar em termos de representantes femininas eleitas em 2018, abaixo do Piauí, Sergipe, Alagoas e Paraíba.
Das cinco regiões brasileiras, a nordestina é a terceira do país, em termos proporcionais, a eleger deputadas (federais e estaduais) e senadoras. Não houve governadora eleita no primeiro turno em todo o país e apenas uma concorrente, Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, disputa o segundo turno com chance de vitória. A campanha pelo tomou as ruas de várias capitais brasileiras, elas ganharam voz, mas ainda são minorias nos cargos políticos.
Por região brasileira, as mulheres apresentaram melhor expressão nas urnas em 2018 (incluindo todos os cargos: governadora, senadora e deputada federal e estadual) no Norte, com 20,6% eleitas; o Sudeste teve 16,2%; Nordeste despontou com 15,7%; Sul apresentou 14,2%; e Centro-Oeste, 13,2%. O número de representantes do sexo feminino, contudo, dobrou no Sudeste de 2014 para 2018, pulando de 9,62% para 16,2%. Na região nordestina foi praticamente a metade, de 58 para 88 (51,72%) em relação à eleição passada.
Em Pernambuco, a maior surpresa foi a eleição de Gleide Ângelo, delegada da Polícia Civil, que teve 412.636 votos, quase a mesma quantidade de João Campos (PSB), herdeiro político de Eduardo Campos e eleito deputado federal com 460.387. Segundo a cientista política Priscila Lapa, Gleide é um ponto fora da curva, tanto no Nordeste quanto em Pernambuco. Isso porque, segundo Priscila, nem todas as eleitas se identificam com pautas femininas e a maioria venceu a disputa com votação do segmento evangélico ou pela força do sobrenome da política. “O caso da Gleide é diferente. Existe uma clara identificação das mulheres com o seu ativismo. E também ela vem de uma área em que há extrema sensibilidade social. Ela já tinha esse reconhecimento, de que defende mulher”, declarou. (DP)