caso das urnas eletrônicas; Assessor e militar ligados a major Olímpio pediram a liminar
A ideia do juiz Eduardo Luiz Rocha Cubas de determinar que o Exército recolhesse urnas eletrônicas às vésperas das eleições, frustrada com o afastamento do magistrado na última sexta-feira, 28, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), parece ter um lado mais obscuro do que a simples concessão de uma liminar. Titular do Juizado Especial Federal Civil de Formosa, Goiás, Rocha Cubas além de ter protagonizado vídeos questionando o voto eletrônico ao lado de Eduardo Bolsonaro, filho do candidato que até o momento lidera a corrida presidencial e deputado Federal pelo estado de São Paulo, pretendia atender uma Ação Popular que chegou às suas mãos sob a petição de um militar de São Paulo, distante mais de mil quilômetros de sua jurisdição. Outro fato grita no processo: o advogado responsável pela ação é Renato Lira Miler Silva que atualmente é assessor parlamentar do também deputado Federal Major Olímpio (PSL-SP), candidato ao Senado pelo partido de Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo no estado de São Paulo.
Afastado do cargo até o dia 9 de outubro, quando deverá ser realizada a próxima sessão do CNJ, o juiz Rocha Cubas tomou outras atitudes suspeitas que chamaram a atenção da Advogacia Geral da União (AGU), que o denunciou ao Corregedor Geral do CNJ, Humberto Martins. Além de conferir sigilo ao processo sem apresentar fundamentos, não ter intimado a União para que ela tomasse conhecimento dos autos, o juiz também deixou de digitalizar a peça jurídica. Para a AGU, Rocha Cubas, na realidade, nem poderia ter autorizado o pedido de Antonio Carlos Ornelas, formalizado pelo assessor do Major Olímpio, porque seu juizado não tem competência para julgar ações populares.
Rocha Cubas (dir) questiona voto eletrônico ao lado de Eduardo Bolsonaro, filho do candidato do PSL à presidência da República (foto).
Outra ironia é que todo o processo que envolveu o juiz de Goiás, um assessor parlamentar de um candidato ao Senado pelo PSL, a Advogacia Geral da União, o Conselho Nacional de Justiça e o Exército do Brasil para evitar que a eleição nacional fosse interditada por uma liminar de primeira instância, foi que no mesmo dia o candidato Jair Bolsonaro declarava à TV Bandeirantes que qualquer que fosse o resultado que não a sua eleição seria uma fraude.