Pela 1ª vez desde abril, Brasil apresenta contágio de coronavírus em desaceleração

Pela 1ª vez desde abril, Brasil apresenta contágio de coronavírus em desaceleração

Pela primeira vez em quase quatro meses, o Brasil registrou transmissão de coronavírus sob controle, segundo cálculos do centro de controle de epidemias do Imperial College. Para a semana que começou no domingo (16), a taxa de contágio -que indica para quantas pessoas em média cada infectado transmite o patógeno- foi calculada em 0,98. Isso significa que cada 100 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus contagiam outras 98, que por sua vez passam o patógeno para 96, que o transmitem a 94, desacelerando o contágio.

A nova situação brasileira ainda não significa, porém, um controle estabilizado da transmissão. A reaceleração do contágio pode aparecer como decorrência do maior otimismo em relação à epidemia e do aumento na mobilidade das pessoas, como mostrou pesquisa Datafolha realizada no dia 17.

Equador e Bolívia, que haviam conseguido reduzir seus índices, voltaram nesta semana a uma fase de aceleração, com 1,16 e 1,05, respectivamente. O mesmo ocorre em países europeus como Espanha, Rússia e França. Além do Brasil, o único país com taxa de transmissão abaixo de 1 é o Chile, com 0,85. O país andino completou a oitava semana com contágio controlado, de acordo com o Imperial College, enquanto o Brasil deixou a zona vermelha pela primeira vez depois de 16 semanas consecutivas de taxa de transmissão acima de 1.

O Imperial College calcula a taxa de transmissão com base no número de mortes reportadas, porque o dado é menos sujeito a subnotificações que o de casos registrados; como há uma defasagem entre o momento do contágio e a morte, mudanças nas políticas de combate à epidemia levam em média duas semanas para se refletirem nos cálculos.

Pela primeira vez em quatro meses, o Paraguai passou a ser monitorado pelo centro de estudos britânico, que acompanha países considerados em transmissão ativa da Covid-19 (os que tiveram ao menos 100 mortes desde o começo da pandemia e ao menos 10 mortes em cada uma das duas semanas anteriores).

O país vizinho teve sua taxa de contágio calculada em 1,95, o que significa que cada pessoa transmite o coronavírus a quase 2, que por sua vez passam a 4, com forte aceleração da infecção. É o índice mais alto entre os 68 países acompanhados nesta semana pelo Imperial College.

Segundo o relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde, desta terça, todos os países da América do Sul estão com transmissão comunitária, com exceção de Uruguai e Guiana, que registram apenas clusters (focos isolados). Na quinzena encerrada nesta terça, o Brasil registrou 288 novos casos por 100 mil habitantes, uma queda em relação aos 291 da quinzena encerrada há uma semana, mas ainda acima dos 240/100 mil contabilizados há um mês.

O país deixou de ser o líder em novos casos já ponderados pela população: a Colômbia, com 295 novos casos na quinzena por 100 mil habitantes, passou a registrar a maior proporção entre os sul-americanos. Desde o começo da pandemia, o Brasil superou 3,3 milhões de casos registrados e 108 mil mortes por Covid-19. Também pela primeira vez desde o final de abril o Brasil deixou o topo das estimativas de número de mortes para a semana, nos cálculos do Imperial College, lugar ocupado agora pela Índia. São esperadas 7.200 mortes no país asiático e 6.910 no Brasil, uma queda em relação às 7.400 da semana anterior (os Estados Unidos não entram no relatório, pois seus dados são calculados por estado, em estudo à parte).

Com base nas mortes informadas, o Imperial College também estima a acurácia do número de casos informados pelos países. Este indicador no caso brasileiro é de 64% nesta semana, ou seja, o país registra cerca de dois terços dos casos de Covid-19. (Folhapress)

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