Rússia negocia acordo sobre vacina com governo da Bahia

Rússia negocia acordo sobre vacina com governo da Bahia

A Embaixada da Rússia no Brasil afirmou que está negociando um acordo sobre a vacina recém-registrada contra a covid-19 com o governo do estado da Bahia.

Em nota, a Embaixada informou que, no dia 30 de julho, o chanceler russo, Sergey Akopov, participou de uma videoconferência com o governador baiano e presidente do Consórcio do Nordeste, Rui Costa, e o secretário de Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas.

O tema da conversa foi uma possível parceria entre as instituições de pesquisa baianas e os centros científicos russos nos testes e produção do imunizante. Foi discutida também a possibilidade de outros estados da região se juntarem à negociação.

De acordo com o CEO do Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF, na sigla em russo), Kirill Dmitriev, está negociando diretamente com outras instituições de pesquisa, empresas e produtores brasileiros para estabelecer parcerias na distribuição de testes e medicamentos, bem como no desenvolvimento e produção da vacina contra o novo coronavírus.

“Esperamos que daqui a pouco vejamos os frutos concretos desta cooperação. Pelo menos, por parte da Embaixada da Rússia no Brasil, garantimos que empenharemos todos os esforços para facilitá-lo”, diz a nota.

Em entrevista à TV Bahia no último dia 3, Rui Costa confirmou a reunião com as autoridades russas para garantir o interesse do estado e da região nordestina na vacina que está sendo produzida.

“Nós tivemos, uma reunião pela internet com o embaixador da Rússia, demonstrando interesse da Bahia e dos estados do Nordeste em ter essa parceria, tanto para ajudar a fazer os testes da vacina, como eventualmente participar do processo de vacinação”, disse Rui.

Sobre a desconfiança da comunidade científica, devido à rapidez de produção e falta de transparência no processo da Rússia, o governador afirmou que todas as instituições que estão produzindo a vacina estão seguindo normas severas de controle, que não permitiriam a aplicação de uma substância que não fosse segura.

Rui reiterou que ainda não há prazo para o início da aplicação das vacinas contra a covid-19, mas demonstrou confiança para 2021.

No fim de julho, o governador da Bahia já havia anunciado o apoio do Estado à testagem da vacina chinesa contra a covid-19, em parceria com o laboratório americano Pfizer.

Os testes são feitos pelas Obras Sociais Irmã Dulce e pelo pesquisador Edson Moreira, responsável por um centro de pesquisa que está funcionando nas instalações da entidade, no bairro Dendezeiros, em Salvador.

De acordo com o governo, serão realizados 1 mil testes, sendo 500 com placebo e 500 com carga antiviral, para o início da fase 3 de testagem. Rui ainda garantiu que “é de interesse da gestão estadual inserir a Bahia nesse cenário de testes de vacina contra a covid, sejam vacinas desenvolvidas por organismos públicos ou por laboratórios privados, como o da Pfizer”.

“É importante que nós estejamos inseridos nos diversos fabricantes, para que possamos ter, em breve, a disponibilidade dessas vacinas aqui no Nordeste e na Bahia.”

Além da Bahia, na terça-feira (11), o governo do Paraná também demonstrou interesse na vacina russa e anunciou que vai assinar, nesta quarta (12) um acordo com o Ministério de Saúde da Rússia para a produção do imunizante.

O acordo prevê que o Estado realize testes, produza e distribua a vacina após a validação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vai analisar os resultados das pesquisas russas.

No entanto, a Anvisa afirmou ontem que não recebeu ainda pedidos de autorização para pesquisa ou de registro de vacina elaborada pela Rússia.

“Desta forma, não é possível para a Agência fazer qualquer avaliação ou pronunciamento em relação a segurança e eficácia deste produto antes que tenha acesso a dados oficiais apresentados pelo laboratório”, disse o órgão em nota.

Após a assinatura do acordo, segundo o governo do Paraná, o próximo passo é o compartilhamento do protocolo russo com a Anvisa no Brasil para a liberação das próximas etapas.

O Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná) deve ser um dos polos de produção e distribuição da imunização para a América Latina e representante técnico na parceria.

O governo do Paraná discute parceria para desenvolver tanto a vacina da Rússia como da chinesa Sinopharm por meio do Tecpar. (AE)

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