59% acham que eleição deve ser adiada para novembro ou dezembro

Pesquisa DataPoder360 mostra que a maioria dos eleitores quer que as eleições de 2020 sejam adiadas. São 59% os que têm essa opinião. Em maio, eram 60%. A queda foi dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais.
Está marcado para 4 de outubro o 1º turno das eleições de 2020, para eleger prefeitos e vereadores. O Congresso Nacional e o Tribunal Superior Eleitoral discutem o adiamento por causa da pandemia. Existe a preocupação que as aglomerações causadas pelo processo eleitoral, em eventos como a votação e a campanha, facilitem a disseminação do coronavírus.
O percentual de entrevistados que afirmou ser a favor da manutenção do pleito em outubro é 27%. Em maio, era 24%. O aumento de 3 pontos supera a margem de erro em 1 ponto percentual.
Passaram de 12% para 11% os que defendem o cancelamento das eleições e manutenção nos cargos das mesmas pessoas que os ocupam hoje.
A pesquisa foi realizada de 22 a 24 de junho de 2020 pelo DataPoder360, divisão de estudos estatísticos do Poder360, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 549 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. Conheça mais sobre a metodologia lendo este texto.
A baixa adesão à ideia de prorrogar mandatos está em consonância com o que vem sendo dito p0r líderes do Congresso desde o início da discussão. O raciocínio é que, se os eleitores escolhem 1 indivíduo para exercer poder por 4 anos, esse período não pode durar nenhum dia a mais.
Para adiar as eleições é necessário que seja aprovada uma PEC (proposta de emenda à Constituição). O Senado avalizou em 23 de junho a proposta. De acordo com o texto, o 1º turno passaria de 4 outubro para 15 de novembro e 2º de 25 de outubro para 29 de novembro.
Falta, porém, aprovação da Câmara. Entre os deputados, a disposição para adiar o pleito é menor que na Casa Alta. São necessários votos favoráveis de 308 dos 513 deputados em 2 turnos para aprovar o projeto.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defende o adiamento. Na 2ª feira (29.jun.2020), por exemplo, disse que ainda está longe de acordo para aprovar a PEC.
Os deputados estão sob pressão de prefeitos que tentarão reeleição. Por terem as máquinas municipais em suas mãos e serem mais conhecidos pelos eleitores, levam vantagem sobre os adversários caso a votação seja mais cedo.
Como mostrou o DataPoder360, a popularidade dos prefeitos tem subido aos poucos. Nada garante que esse movimento se manterá até outubro e muito menos até novembro, mês da eleição estipulada pela proposta do Senado. Da data original da votação até a possível nova data os efeitos da pandemia sobre saúde e economia podem atrofiar a popularidade dos atuais governantes.
Deputados que apoiam adiar o pleito avaliam que será mais difícil defender a ideia se a votação na Câmara demorar muito. O isolamento social tem sido relaxado em diversas regiões. Caso seja instaurada a sensação de normalidade no eleitorado, seria mais difícil justificar o adiamento.
O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, tem conversado com a cúpula do Congresso. Em junho, reuniu congressistas e médicos, que disseram aos políticos ser melhor adiar.
Nesse encontro, o presidente da Câmara levantou a hipótese de aumentar o tempo de TV dedicado à campanha eleitoral –e bancado com renúncias fiscais. Seria uma forma de compensar as restrições à campanha impostas para conter o avanço do coronavírus.