Chineses matam de fome e de maus-tratos centenas de jumentos
O site www.correio24horas.com.br publicou na manha de hoje (11) reportagem com grave denúncia contra dois chineses que, no município de Itapetinga-BA, estão cometendo o crime de maus-tratos em animais. O caso já envolve Ministério Público, Polícia e ONG de proteção aos animais. A reportagem traz cenas fortes em fotos da situação de centenas de jumentos em situação lastimável.
Leia a reportagem:
Rumo ao abate, jumentos morrem de fome e sede na Bahia: ‘lugar horrível’
Um caso explícito de maus-tratos que já resultou na morte de um número indefinido de jumentos – fala-se até em centenas – tem causado perplexidade em Itapetinga, cidade do Sudoeste da Bahia conhecida pela forte atuação na pecuária.
Cerca de 2 mil desses animais, oriundos de vários estados do Nordeste, chegaram ao município nos últimos dois meses para serem abatidos num frigorífico local que, segundo a Polícia Civil, possui autorização para realizar o serviço.
Os responsáveis pelos animais são dois chineses que a polícia preferiu, por enquanto, não divulgar os nomes para não prejudicar as investigações, mas é certo que vão responder por crime ambiental por deixar os animais com fome e sede.
A falta de alimentação e água, inclusive, é a principal razão para a morte dos animais, que chegam em carretas ao local, já debilitados. Muitos deles são fêmeas prenhas, que por sua vez, estão perdendo as crias.
A falta de alimentação e água, inclusive, é a principal razão para a morte dos animais, que chegam em carretas ao local, já debilitados. Muitos deles são fêmeas prenhas, que por sua vez, estão perdendo as crias.
Imagens em fotos e vídeos feitas pela ong SOS Animais, que atua na defesa dos direitos dos animais em Itapetinga, mostram jumentos mortos e feridos em diversas partes do corpo – alguns deles, inclusive, mutilados.
Os animais mortos estão sendo amontoados uns por cima dos outros num terreno localizado atrás do Frigorífico Sudoeste, onde ocorrem os abates.
Situação preocupante
A Polícia Civil, por meio do delegado Antonio Roberto Júnior, coordenador da 21ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin), em Itapetinga, informou que esteve no local e que foi feita uma perícia para constatar os problemas. “Realmente, a situação lá é muito preocupante. Visualmente, vimos uns 15 animais mortos, mas só a perícia é que vai nos dizer com certeza quantos são, bem como apontar se foram vítimas de maus-tratos”, disse o delegado.
Roberto Júnior informou que os chineses responsáveis pelos abates, com o auxílio de um intérprete, negaram que estariam cometendo maus-tratos. Depois de ouvidos, os asiáticos foram liberados.
Não ficou claro, disse o delegado, se eles aproveitam a carne ou o couro dos animais. Na China o apelo maior pelos jumentos é pelo couro, onde há uma substância de muito interesse da indústria farmacêutica chinesa, por ser supostamente afrodisíaca.
“Estão trazendo animais que eram usados para tração em propriedades e estão matando. A situação deles é a pior possível. Um absurdo o que está acontecendo aqui nesse lugar”, disse a ambientalista Solange Oliveira, da SOS Animais. “Estimamos que mais de 300 animais já tenham morrido de fome e de sede”, calculou ela.
A fazenda, de nove hectares, onde estão os animais, “não possui locais de sombra, o que deixa os jumentos mais estressados ao chegarem de viagem”.
“Eles já chegam com fome e com sede, ficam num lugar quente, adoecem e morrem. Alguns deles são enterrados pela metade, estão em decomposição, outros no riacho boiando. Está um lugar horrível”, disse Solange.
MP-BA
O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), que instaurou inquérito para apurar o caso. Nessa terça-feira (4), o promotor Gean Carlos Leão enviou ofícios à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, à Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e à Delegacia de Polícia local para saber as providências.
O promotor requisitou à secretaria que inspecione a propriedade rural Fazenda Barra da Nega para verificar eventual licenciamento da área destinada ao confinamento e o suposto dano ambiental acarretado pela morte dos animais e destinação inadequada das carcaças.
Foi requisitado à Adab que inspecione a fazenda e o frigorífico Sudoeste para averiguar as condições sanitárias dos animais, identificando eventuais irregularidades. À Delegacia, o promotor solicita que seja encaminhada cópia do Boletim de Ocorrência em que foram registrados os maus-tratos a que estariam submetidos os jumentos na Fazenda Barra da Nega.
Providências
A Prefeitura de Itapetinga informou que a Vigilância Sanitária Municipal esteve na sexta-feira na área onde estavam confinados os jumentos que seriam abatidos, e que junto com a Adab e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente “inspecionou a área e fez intervenções importantes para a saúde pública e para o bem estar dos animais”.
“Preocupada com possíveis infecções causadas pela decomposição dos animais mortos, a prefeitura disponibilizou máquinas para fazer a limpeza do Rio Catolé e das valas naturais de águas pluviais, retirou carcaças dos bichos e os enterrou em valas cobertas com cal, como ditam as regras sanitárias. Para proteger os animais vivos, a administração municipal levou comida e água em carros pipa”, diz a nota enviada ao CORREIO. “Ao final, assim como a Adab, a Secretaria de Meio Ambiente emitiu auto de infração e multa à empresa responsável pelo frete e confinamento dos animais antes de irem ao abate”, completa.
“A Prefeitura de Itapetinga repudia toda e qualquer ação de maus-tratos a animais ou que possa por em risco a saúde da população e segue atenta às questões do município, pronta para tomar as providências cabíveis ao poder público, visando o bem estar do povo”, afirma a nota.
A Adab em Itapetinga informou que se reunirá nesta quarta-feira (5) com o MP-BA para tratar das providências tomadas no local, mas não deu detalhes de quais seriam.
O Frigorífico Sudoeste, por sua vez, declarou que apenas está realizando o abate dos animais e que trabalha em conformidade com as normas sanitárias do Ministério da Agricultura.