Em 2019, o Brasil não atingiu meta em nenhuma das 12 vacinas indicadas para as crianças menores de 1 ano e disponibilizadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esse é um fato inédito nos últimos 20 anos. Em Pernambuco, apenas as doses da BCG (91,34%), contra formas graves da tuberculose, e a primeira da tríplice viral (98,92%), contra o sarampo, rubéola e caxumba, chegaram ao índice mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), de 90% e 95%, respectivamente. Neste ano, até o momento, a melhor cobertura no Estado é também da primeira dose da tríplice, mas em apenas 65%. Com isso, a proteção contra diversas doenças que podem deixar sequelas, como a poliomielite, e levar ao óbito, como o sarampo, está seriamente comprometida.
Para levar esse público aos postos de saúde, começa nesta segunda-feira (05.10), e segue até 30.10, a Campanha Nacional de Multivacinação para Atualização da Caderneta de Vacinação das crianças e adolescentes. A iniciativa, que terá o Dia D de mobilização em 17.10, é voltada para meninos, meninas e jovens abaixo dos 15 anos (14 anos, 11 meses e 29 dias).
A indicação é que todos sejam levados a uma sala de vacina para que o cartão de vacinação seja avaliado por um profissional e, se necessário, sejam aplicadas as doses que estão em falta. Concomitante, também ocorre a Campanha de Vacinação contra a Poliomielite. Nessa segunda, se chama a atenção para as três doses básicas dos menores de 1 ano. Para quem tem entre 1 e menos de 5 (4 anos, 11 meses e 29 dias), a indicação é fazer uma dose indiscriminada se o esquema básico da pólio estiver completo.
“Estamos vivenciando, ano a ano, queda nas coberturas vacinais, mesmo tendo o maior programa público de imunização do mundo. Sabemos que a vacinação é uma grande aliada da saúde, protegendo contra diversas doenças que, hoje, são pouco lembradas graças a um trabalho efetivo que vem sendo feito nas últimas décadas”, comentou o secretário estadual de Saúde, André Longo.
O secretário ainda chama a atenção para o risco de doenças já erradicadas voltarem a circular. “Deixar de vacinar é quebrar um pacto social de proteção e permitir que doenças, como a poliomielite, há três décadas sem circulação no nosso país, possam voltar a acometer nossas crianças, já que ela ainda ocorre em países como Paquistão e Afeganistão. Por isso, chamamos a atenção dos pais e responsáveis para levar todas as crianças e jovens menores de 15 anos para atualizarem as suas cadernetas de vacinação”, convoca.
Para as crianças abaixo de 7 anos são disponibilizados os seguintes imunizantes: BCG, hepatite B, pentavalente, poliomielite, rotavírus, pneumocócica 10, meningocócica C, febre amarela, tríplice viral, varicela, hepatite A e DTP. A partir dos 7 anos, até os menores de 15, podem ser feitas as doses da hepatite B, febre amarela, meningocócica ACWY, HPV e varicela. Lembrando que a aplicação da vacina vai depender da idade e da necessidade de cada um – exceto a da poliomielite, que será feita indiscriminadamente em todos os meninos e meninas entre 1 e menores de 5 anos (público de mais de 549 mil), caso estejam com o esquema básico da pólio completo.
“A queda nas coberturas vacinais nos últimos anos pode ser agravada ainda mais por causa da pandemia do novo coronavírus, apesar das salas de vacinas terem permanecido em funcionamento mesmo nos meses mais críticos da doença. A população precisa saber que todos os serviços receberam as orientações de segurança e higiene para o momento, garantindo a saúde da população e de todos os profissionais envolvidos. Durante esta campanha, estamos reforçando essas recomendações para que tenhamos sucesso na ação. A vacinação é um direito do povo brasileiro e um pacto coletivo para controle, eliminação e erradicação de doenças, protegendo não apenas quem recebe a dose, mas também aqueles que, por questões de saúde, não podem fazer o mesmo”, ratifica a superintendente de Imunizações da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Ana Catarina de Melo.
Entre as recomendações repassadas aos municípios e salas de vacina para garantir a segurança do ato, utilizar espaços abertos ou ventilados, manter o distanciamento entre as pessoas, realizar a desinfecção frequente dos ambientes, garantir local adequado para higienização das mãos e fazer a triagem de pessoas com sintomas respiratórios antes de entrar na sala de vacina, para evitar a propagação da Covid-19.
“Em caso de febre, a orientação é que seja adiada a vacinação para quando o quadro de saúde da criança ou do adolescente estiver reestabelecido, como o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença. Isso também é uma forma de evitar o contato com outras pessoas, já que quadros febris podem estar relacionados ao novo coronavírus”, reforça Ana Catarina.
Em casos sugestivos ou confirmados da Covid-19, orienta-se manter o isolamento por pelo menos até 3 dias depois do desaparecimento dos sintomas, com tempo mínimo de isolamento de 14 dias do início da sintomatologia. Só após isso é indicado procurar o posto de saúde para a imunização. Para os contatos, mesmo assintomáticos, também orienta-se aguardar os 14 dias. (DP)