Vendas de eletrodomésticos crescem 40% em PE durante isolamento
Não apenas as atividades econômicas foram afetadas pela pandemia do coronavírus. A vida pessoal de grande parte da população também sofreu mudanças de uma hora para outra. As medidas de isolamento social levaram muitas pessoas a ficarem em casa, mas isso não significou descanso. Pelo contrário. A rotina ficou ainda mais puxada com o acúmulo de funções, ao conciliar o trabalho em home office com a educação dos filhos e as tarefas domésticas.
Uma realidade que mudou a relação dos brasileiros com a própria casa, já que eles assumiram as funções antes delegadas a empregadas e diaristas. Ao sentir na pele, o trabalho doméstico passou a ser mais valorizado e a lista de bens essenciais se tornou ainda maior. Eletrodomésticos que antes eram considerados supérfluos se tornaram importantes e viram as vendas crescerem durante esse períod de pandemia.
A servidora pública Lívia Filgueiras, de 31 anos, conta com a ajuda de uma doméstica há mais de 10 anos. Por isso, confessa que “antes da pandemia, só ia ao supermercado e fazia as besteiras do fim de semana, que nem contam na limpeza de casa”.
Agora, contudo, está desde o começo do isolamento sem a ajuda da funcionária, Cláudia, e teve que assumir a arrumação do lar. “Eu a liberei desde o primeiro dia da quarentena, porque não adiantava ela ficar pegando transporte coletivo, arriscando-se para vir trabalhar”, conta. Lívia admite, contudo, que as consequências práticas dessa decisão não foram tão simples. “Não era nada que eu não sabia fazer. Mas cuidar da casa, fazer comida, lavar louça, varrer, tirar o pó, lavar a roupa e administrar tudo isso com a rotina de trabalho, mesmo trabalhando de casa, foi complicado”, admite.
Neste período Livia passou a valorizar mais o trabalho doméstico, principalmente depois de entender que varrer a casa pode se tornar uma tarefa complicada. “Descobri que tinha um tapete, aqui em casa, que solta muito pelo. Eu não percebia porque não varria. Quando chegava em casa, estava tudo limpo. Mas, agora, até tirei o tapete da sala. Liguei para a Cláudia e brinquei ‘como você nunca me disse que era um inferno esse tapete?’”, brinca. Além de ter guardado o tapete, ela comprou um aspirador robô, produto que promete tirar o pó da casa com um simples comando.
A servidora pública não está sozinha neste barco. Equipar a casa com eletrodomésticos que antes eram considerados supérfluos virou um investimento necessário aos brasileiros para deixar a rotina mais leve e simples durante a quarentena.
Em Pernambuco, o setor de móveis e eletrodomésticos registrou crescimento de 29% em maio em comparação com o mesmo mês do ano passado. O resultado positivo foi puxado, principalmente, pelo desempenho das vendas de eletrodomésticos, que tiveram alta de 45,5% no período, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE.
Segundo Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE, no acumulado do ano, o segmento de eletrodomésticos está com crescimento acumulado de 40% em Pernambuco e alguns fatores levam a este desempenho positivo. “Primeiro porque teve o auxílio emergencial e gerou uma oportunidade de comprar um eletrodoméstico, que traz essa relação de bem estar maior pelas facilidades que acarreta. Além disso, maio já é um mês que naturalmente já se compra mais eletrodomésticos por conta do Dia das Mães. E também porque muita gente está em casa, e os aparelhos trazem uma facilidade maior nas tarefas domésticas”, explica. (DP)