Pesquisa nacional sobre covid-19 é suspensa em Irecê após equipe testar positivo

Pesquisa nacional sobre covid-19 é suspensa em Irecê após equipe testar positivo

A cidade de Irecê, no centro-norte baiano, foi um dos lugares escolhidos para receber o projeto Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 (EPICOVID19-BR), que promete ser a maior pesquisa populacional sobre o novo coronavírus no Brasil. Só que a pesquisa foi interrompida no município após uma série de confusões, incluindo passagem na delegacia e três entrevistadores testando positivo para o vírus.

De acordo com o Ministério da Saúde, que apoia e financia o estudo, o plano é realizar, em 99.750 pessoas de 133 cidades ao redor do país, um teste rápido (sorologia), que detecta se aquele individuo já teve a covid-19. O projeto é coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Rio Grande do Sul, e realizado pelo Ibope Inteligência.

Porém, em nota, a prefeitura de Irecê afirmou que não foi informada previamente sobre a realização do estudo na cidade. Após averiguação, constataram que a pesquisa tem o apoio do Ministério. Mas, ainda assim, fizeram algumas exigências, como testagem para a covid-19 dos próprios entrevistadores. E descobriram que três estavam infectados. O material utilizado pelos pesquisadores foi apreendido e só devolvido posteriormente.

Tudo começou na madrugada da última quinta-feira (14), quando os entrevistadores chegaram a Irecê e começaram a realizar os testes na população no mesmo dia. Contudo, a Secretaria de Saúde municipal só recebeu uma comunicação sobre o início da pesquisa três dias depois, no domingo (17).

“O Governo do Estado foi imediatamente acionado por meio da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVs) e do Núcleo Regional de Saúde (Dires), para averiguação e tomada de conhecimento da situação, considerando que a supervisora da pesquisa sinalizou que as autoridades foram comunicadas. Porém, todas as respostas obtidas sinalizaram que estes órgãos não tinham conhecimento sobre o estudo, não emitindo assim autorização prévia aos municípios. A Secretaria de Saúde de Irecê só recebeu uma comunicação sobre o início da pesquisa no domingo, dia 17/05”, afirmou a Prefeitura de Irecê.

A equipe da pesquisa foi então levada para a delegacia, onde todo o material foi apreendido pela Vigilância Sanitária. Após ser constatada a ausência da comunicação oficial prévia, foi decidida a interrupção da pesquisa.

A prefeitura também reclamou que os entrevistadores não cumpriram quarentena exigida de 14 dias. “Em decorrência do deslocamento rodoviário de toda a equipe desde a cidade de São Paulo até a cidade de Irecê, ficou estabelecido o critério de testagem em todos os membros da equipe”.

Os exames foram feitos na sexta-feira (15) e três pesquisadores, segundo a prefeitura, tiveram resultado positivo. Com a identificação dos entrevistadores contaminados, foi exigida a relação das pessoas que participaram da EPICOVID19-BR em Irecê, com nome e endereço, para monitoramento. A equipe, porém, disse que não tinha autorização para isso, já que os dados eram digitados em sistema e cumpriam critérios de sigilo.

A cidade de Irecê não foi a única na Bahia a criar obstáculos para a EPICOVID19-BR – as prefeituras de Guanambi, Juazeiro, Santo Antônio de Jesus, Vitória da Conquista e Paulo Afonso também impuseram resistências. Pelo Brasil, foram 75 municípios que impediram a pesquisa.

Em nota, a UFPel criticou essas ações. De acordo com a universidade, o Ministério da Saúde enviou um ofício, semana passada, comunicando as 133 cidades participantes do estudo. A instituição ainda apontou que o estudo foi divulgado pelo governo em seu site.

“Nas situações mais graves, os entrevistadores do IBOPE foram detidos, com uso de força policial, tendo sido tratados como criminosos. (…) Por mais que a comunicação formal do Ministério da Saúde aos municípios possa ter chegado muito perto do início da coleta de dados, nada justifica o comportamento de “xerifes” assumido por alguns gestores municipais, que impedem ou atrapalham a realização de uma pesquisa que, com o perdão da repetição, pode ajudar a salvar a vida de milhares de brasileiros”, pontuou a UFPel.

O Ibope Inteligência divulgou a mesma nota da universidade. Em um outro comunicado, a empresa garantia que todos os profissionais convocados para trabalhar nesta pesquisa foram  treinados para aplicar os testes.

“Tivemos o cuidado de selecionar apenas pessoas que não fazem parte dos grupos de risco e todas assinaram um termo declarado de não pertencimento ao grupo de risco. A equipe fez o teste rápido de covid-19, garantindo que todos que estão indo a campo não estão infectados”.  (CORREIO)

Google+ Linkedin

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

*

*

*