Fogo na Amazônia foi ateado por interesses que destroem, diz papa
O papa Francisco celebrou nesta manhã de domingo (6), na Basílica de São Pedro, no Vaticano, a missa de abertura do Sínodo da Amazônia, que reúne bispos e outros convidados de nove países do bioma para debater temas da Igreja Católica na região e a situação do meio ambiente e dos moradores locais, incluindo os povos indígenas.
Em sua homilia, que durou cerca de dez minutos, o papa criticou o fogo que “devastou recentemente a Amazônia”, pediu que a igreja não se limite a uma “pastoral de manutenção” e que o sínodo tenha inspiração para “renovar os caminhos para a igreja” na região.
Papa Francisco junto a representantes das comunidades indígenas. “O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos”, afirmou o papa, no trecho mais explícito sobre as queimadas nas últimas semanas na região.
Antes, ele atribuiu a destruição aos “novos colonialismos” que “querem avançar apenas suas próprias ideias e queimar o diferente para padronizar tudo e todos “, alertou. Em referência aos “novos caminhos” para a ação da igreja na área, pediu “prudência audaciosa” para que “não se apague o fogo da missão”.
“A igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de manutenção para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial”, disse. A assembleia que começa amanhã no Vaticano vai debater a possibilidade de ordenar homens casados como sacerdotes, a criação de ministérios oficiais para as mulheres e a incorporação de costumes dos povos indígenas em rituais católicos.
Diante de basílica lotada, um grupo de índios brasileiros ligados ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário) participou da cerimônia, levando até o papa o material do ofertório. Além dos representantes indígenas, participaram da cerimônia solene mais de 200 prelados entre bispos e cardeais, além de numerosos indígenas da Amazônia. (AFP)