“Grávida magra” não é elogio: psicóloga alerta para distúrbio alimentar
Uma fala de Ana Maria Braga sobre a forma física da jornalista Andréia Sadi, grávida de gêmeos, chamou atenção das pessoas nas redes sociais. No “Mais Você” desta segunda-feira (5), a apresentadora comentou, em tom de elogio, que Sadi estava uma grávida “magrinha”.
“Com o rosto fino, nada de inchaço. Dá para dizer que uma menina dessa tá grávida de gêmeos?”, comentou a responsável pelo programa antes de chamá-la para uma entrevista. A jornalista está prestes a dar à luz os gêmeos João e Pedro.
A avaliação sobre o corpo de Andréia não passou despercebida por parte dos espectadores. “Achei bizarra a pergunta. ‘Você tá tão magra, como conseguiu manter a forma na gestação?'”, criticou uma mulher no Twitter. “Ana Maria questionando o peso da Andréia Sadi no Mais Você como se fosse a coisa mais legal do mundo”, escreveu outra.
A mensagem foi replicada na chamada que permaneceu na tela enquanto as duas conversavam. “Nem parece. Grávida de gêmeos, Andréia Sadi mantém a forma”. Mas, afinal, qual é o problema de usar “magra” como elogio às gestantes?
É comum que a mudança de peso seja uma das muitas questões discutidas pelos profissionais de saúde com a gestante. O controle do peso, no entanto, quase sempre ultrapassa as paredes do consultório médico e se torna assunto para os muitos palpites e recomendações ouvidas por mulheres que estão à espera do bebê.
Tanta pressão pode gerar incômodo e, pior, problemas com a saúde emocional, física e mental: muitas grávidas têm medo de engordar o que, se tornando um comportamento obsessivo, pode ser classificado como um transtorno alimentar conhecido como “pregorexia”.
A “pregorexia” (de “pregnant”, grávida em inglês, e anorexia) é um comportamento ainda não reconhecido oficialmente, que pode ser agravado justamente por um “elogio” a uma grávida magra ou que teve pouca oscilação de peso, alerta a psicóloga Isabelle Tortorella. “Por isso, a recomendação é não falar do corpo da outra pessoa. Nós não sabemos o que ela está passando”.
Em casos que o transtorno é identificado, a mulher deve ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar, com psicólogo, psiquiatra e nutricionista, da mesma forma que pacientes com bulimia ou anorexia precisam. Também é preciso manter o acompanhamento do desenvolvimento do feto para avaliar as condições de saúde dele.
Para a psicóloga, a percepção de que se manter magra durante a gestação é uma característica positiva está relacionada à pressão estética que sofremos em diferentes momentos da vida para tentar nos encaixarmos nos moldes do que é “bonito”. Na gravidez, ela aponta, a sociedade não dá trégua. “Há uma cobrança muito grande pelo padrão de beleza da mulher, que tem que ser magra inclusive quando está grávida”, detalha a especialista. (UOL)