Tiroteios em spas da Geórgia deixam oito mortos
Oito pessoas, incluindo seis mulheres de origem asiática, morreram na terça-feira (16) em tiroteios em três spas de massagem da Geórgia, Estados Unidos, e um homem de 21 anos foi detido sob a suspeita de ter planejado os ataques.
A polícia não determinou se os tiroteios tiveram motivação racista, mas aconteceram no momento em que muitos americanos de origem asiática estão com medo após o aumento dos crimes de ódio contra sua comunidade. Muitos temem ataques a negócios dirigidos por asiáticos.
Quatro vítimas morreram no spa Young’s Asian Massage perto de Acworth, subúrbio de Atlanta, capital da Geórgia.
O capitão Jay Baker, da polícia do condado de Cherokee, informou ao jornal Atlanta Journal-Constitution que as vítimas eram duas asiáticas e uma mulher e um homem brancos. Um latino foi ferido.
O departamento de polícia de Atlanta confirmou que quatro mulheres de origem asiática foram encontradas mortas em outros dois spas na zona nordeste de Atlanta, identificados como Massage Spa e Aroma Therapy Spa.
A polícia disse ao Atlanta Journal-Constitution que as quatro vítimas de Atlanta eram mulheres asiáticas.
A agência de notícias sul-coreana Yonhap informou que o Ministério das Relações Exteriores do país confirmou que quatro vítimas tinham origem coreana.
Com as imagens registradas pelas câmeras de segurança, as autoridades identificaram Robert Aaron Long como suspeito dos três ataques.
“É muito provável que nosso suspeito seja o mesmo que o do condado Cherokee, que está sob custódia”, afirmou à AFP o porta-voz da polícia de Atlanta, John Chafee.
“Estamos trabalhando em contato com eles para confirmar que nossos casos estão relacionados”, completou.
Long foi detido após uma “breve perseguição” a 240 quilômetros de Atlanta, segundo um comunicado do Departamento de Segurança da Geórgia. Ao descrever a cena do crime no nordeste de Atlanta, a polícia informou que os “agentes encontraram três mulheres mortas a tiros”.
No local, os policiais foram alertados sobre tiros ouvidos do outro lado da rua, onde encontraram a quarta vítima.
Adriana Mejia, sobrinha de uma das vítimas, afirmou que a família está “arrasada”, depois que seu tio recebeu um tiro e que todos rezam por sua recuperação.
“Nunca sabemos quando estamos no lugar e na hora errados, porque isto foi tão repentino”, disse.
O FBI (a Polícia Federal americana) está colaborando com a investigação.
Os tiroteios aconteceram após denúncias do aumento dos ataques contra asiático-americanos, especialmente idosos, atribuídos à pandemia de Covid-19, doença que foi chamada de “vírus chinês” pelo ex-presidente Donald Trump, entre outros.
A notícia dos ataques veio poucas horas depois da publicação de um relatório da ONG Stop AAPI Hate que aponta um aumento considerável dos crimes de ódio contra asiáticos nos Estados Unidos, principalmente contra mulheres.
Em um balanço de incidentes denunciados entre março de 2020 e fevereiro deste ano, quase 70% dos asiático-americanos entrevistados afirmaram que enfrentaram assédio moral, e pouco mais de 10% informaram que sofreram agressão física.
A motivação racista pode ser difícil de determinar, mas uma pesquisa do Centro de Estudos do Ódio e Extremismo da Universidade CSU San Bernardino mostrou que os crimes de ódio reportados contra asiáticos quase triplicaram, pulando de 49 para 122 casos, no último ano, em 16 grandes cidades americanas – incluindo Nova York e Los Angeles. O resultado aconteceu apesar de uma queda de 7% na taxa global de crimes de ódio.
Na Geórgia, vivem quase 500 mil pessoas de origem asiática, segundo o Asian American Advocacy Fund. (AFP)