Jair Bolsonaro vê pressão subir e queda de apoio popular
O agravamento da crise de gestão da pandemia da Covid-19 voltou a trazer o fantasma do impeachment para a porta do Palácio do Planalto. A oposição começou a falar abertamente sobre o impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e movimentos sociais voltam às ruas contra o governo neste fim de semana. Os números impactaram também na aprovação da gestão federal e a reprovação ao governo de Jair Bolsonaro inverteu a curva e voltou a superar sua aprovação.
Segundo o Datafolha, o presidente é avaliado como ruim ou péssimo por 40% da população, ante 32% que assim o consideravam na rodada anterior da pesquisa, no começo de dezembro. Já quem acha o presidente ótimo ou bom passou de 37% para 31% no novo levantamento. É a maior queda nominal de aprovação de Bolsonaro desde o começo de seu governo. Avaliam Bolsonaro regular 26%, contra 29% anteriormente – oscilação dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais.
Se no levantamento de 8 e 10 de dezembro Bolsonaro mantinha o melhor nível de avaliação até aqui de seu mandato, de 37%, agora ele se aproxima do seu pior retrato de popularidade, registrado em junho de 2020, quando 44% o rejeitavam, ante 32% que o aprovavam. A melhoria do segundo semestre – cortesia da acomodação após a turbulência institucional, do auxílio emergencial – foi abalada.
Concorrem para isso o recrudescimento da pandemia, a crise da falta de oxigênio em Manaus , as sucessivas trapalhadas para tentar começar a vacinação no país e o fim do auxílio em 31 de dezembro.
A pesquisa Datafolha foi realizada por telefone nos dias 20 e 21 de janeiro, com 2.030 brasileiros.
Impeachment
Apesar da piora na avaliação de Jair Bolsonaro em meio ao recrudescimento da pandemia da Covid-19, o brasileiro não quer, em sua maioria, que o presidente sofra um processo de impeachment ou renuncie. Ainda segundo a pesquisa da Datafolha, 53% dos entrevistados avaliam que a Câmara dos Deputados não deveria abrir um processo por crime de responsabilidade contra o presidente. O número indica uma estabilidade ante o levantamento anterior quando 50% descartavam a medida. Já aqueles que defendem o impeachment oscilaram negativamente, de 46% para 42%, enquanto quem não sabia responder passou de 6% para 4%.
Nas ruas
Para este fim de semana, partidos de esquerda, entidades sindicais e movimentos sociais, organizaram carreatas pró-impeachment em dez capitais. No Recife, o ato está marcado para este sábado, às 9h na Avenida Agamenon Magalhães.
Análise
O cientista político Vanuccio Pimentel avalia que a sociedade, de maneira geral, não avalia o impeachment como algo positivo. Segundo ele, o processo é visto como traumático e problemático, em especial, após o impedimento da ex-presidente Dilmar Rousseff (PT). Ao pesar na balança, a população acaba apostando que o governo “pode tomar um rumo”.
Segundo o professor, a tendência de queda ou reversão dos números negativos pelo governo dependem dos próximos passos do Governo Federal. Ele avalia que o momento ecônomico pode criar dificuldades para o chefe do Executivo e será difícil mudar os rumos da gestão. Outro fator relevante para o futuro da gestão, segundo Pimentel, será a campanha de vacinação. (Blog da Folha)