Vacinas contra Covid vão ser um marco em história que começou no século XVIII

Vacinas contra Covid vão ser um marco em história que começou no século XVIII

A imprensa britânica revelou nesta quinta-feira (3) que o Reino Unido recebeu o primeiro lote de vacinas Pfizer/BioNTech. O primeiro país ocidental a autorizar o uso de uma vacina antiCovid foi também o responsável por revolucionar o processo de prevenção de doenças, há mais de dois séculos.

Se você está feliz com a aprovação de uma vacina contra o coronavírus, separe um tempinho e agradeça a Edward Jenner. Ele nasceu em 1749, em uma casa em uma área rural da Inglaterra, um lugar que, entre tantas características, tinha muita vaca. Essa proximidade acabaria sendo determinante para história da saúde pública mundial.

O vírus da época, que ainda preocuparia o mundo por mais dois séculos, era muito mais devastador: o da varíola – 30% dos infectados não sobreviviam. Países da Ásia popularizaram uma prática que dava alguma proteção: usavam o material de lesões menos graves da doença para infectar pessoas saudáveis. A técnica da variolação criava anticorpos, mas tinha seus riscos. Quando chegou à Europa, foi usada, por exemplo, pelo rei britânico George III para tentar proteger um dos filhos, que acabou morrendo durante o procedimento.

Edward Jenner aprimorou o método. Já se sabia da existência de um tipo de varíola bovina, mais leve. O médico inglês observou, então, que as pessoas que ordenhavam vacas e eram infectadas pareciam ficar imunes à varíola humana. Para comprovar, ele escolheu como cobaia um menino de 8 anos, filho de um conhecido. Pois é, algo impensável nos protocolos de hoje.

Com o teste bem-sucedido, Jenner aprendeu que a varíola bovina passava não só das vacas para humanos, como de pessoa para pessoa também. O menino teve sintomas leves e ficou imune ao tipo mais grave da doença.

As pesquisas continuaram: Jenner fez testes inclusive no próprio filho. O médico publicou o resultado e passou a ser conhecido como o pai da vacina moderna. Aliás, o termo “vacina” nasceu dessa história. A palavra vem de “vacca”, em latim.

Edward Jenner teve tempo de receber várias homenagens em vida. Ganhou até uma medalha de Napoleão. E, depois, estátuas mundo afora: de Tóquio a uma em Londres, onde estudou medicina.

Hoje, graças ao trabalho que ele começou, doenças como poliomielite, tétano, rubéola, difteria, febre amarela, hepatite, sarampo e várias outras podem ser evitadas. A vacinação salva de dois a três milhões de vidas por ano.

A varíola, que matou centenas de milhões, foi erradicada há exatos 40 anos. Até hoje, é a única doença eliminada do mundo. Ao lembrar disso, em maio, o diretor-geral da OMS disse que a erradicação da varíola nos ensina, em tempos de Covid, o que é possível fazer quando o mundo se une para combater uma doença.

A história da vacina lembra também que negacionistas se propagam há muito tempo. O pensamento antivacina é um vírus desde a época de Edward Jenner. Uma charge mostra como algumas pessoas viraram bicho com aquela ideia: é o que elas achavam que aconteceria se tomassem a tal da vacina do médico inglês. Foram vencidas pelos fatos. (G1)

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