Pernambuco já recebeu dois pacotes de ‘sementes misteriosas’ da Ásia; saiba como proceder
Pelo menos dois dos pacotes de “sementes misteriosas” não solicitados vindos de países asiáticos como China, Malásia e Hong Kong pelos Correios foram identificados e localizados em Pernambuco. A informação foi confirmada à Folha de Pernambuco pela Superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Estado, nesta quarta-feira (7).
O primeiro pacote foi encontrado na cidade de Águas Belas, no Agreste, há cerca de 20 dias; o segundo, já nesta quarta, veio de um morador de Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), que alertou as autoridades agropecuárias.
Quem receber as sementes não solicitadas pode entrar em contato com a Superintendência de Agricultura no Estado, através dos telefones (81) 3236-8500/8534/8510/8511/8540 ou pelo e-mail gab-pe@agricultura.gov.br. O órgão se responsabiliza para buscar as amostras. Caso o cidadão prefira, pode ir até uma das sedes do órgão no Recife (avenida General San Martin, 1000, Cordeiro); ou no interior do Estado, em Garanhuns, no Agreste (praça dr. Manoel Jardim), e em Petrolina, no Sertão (Centro de Convenções).
Os pacotes são enviados pelo como brindes de outras compras feitas pela internet ou mesmo de forma aleatória, sem que o destinatário encomendado nada do exterior. Outros países do mundo, como Canadá e Portugal, já têm relatos semelhantes.
Em coletiva de imprensa na terça-feira (6), o ministério havia confirmado o primeiro pacote no Estado. O número foi atualizado nesta quarta-feira pelo superintendente federal de Agricultura em Pernambuco, Carlos Ramalho. Apenas Maranhão e Amazonas ainda não têm ocorrências do tipo em todo o País. Ao todo, 258 amostras foram recolhidas pelo Mapa, sendo 39, a maioria, em Santa Catarina, de acordo com o último balanço nacional. [confira o balanço por estados no final do texto]
As análises identificaram ácaro vivo em uma das amostras e três fungos diferentes em outras 25, além de bactérias em duas e pragas quarentenárias – plantas daninhas ou que não existem no Brasil – em quatro. A verificação da composição das sementes é feita pelo Laboratório de Defesa de Agropecuária, em Goiás, considerado referência no País. As amostras de Pernambuco ainda não foram processadas e não é possível, até o momento, saber o que contêm. Os resultados devem sair em até 20 dias.
Quem receber as sementes não deve abrir a encomenda e nem plantar, conforme ressalta Carlos Ramalho. “O perigo maior que desperta mais preocupação é justamente para não abrir esse pacote. Se não solicitou, não abra porque não temos ideia do que está vindo”, destacou.
“Esse número [de amostras] provavelmente vai aumentar. O problema maior é que foram encontradas pragas quarentenárias, que é o maior perigo e pode acarretar algo em relação ao setor produtivo do País inteiro”, acrescentou Carlos Ramalho. “A população não precisa ter medo, porque não há penalização. Queremos saber o que tem ali dentro. As pragas estão sendo analisadas para saber o risco que tem para a nossa plantação”, concluiu o superintendente.
O material deve ser preservado e não deve circular no ambiente, por causa do risco de veiculação de pragas ou doenças de importância econômica que não existem no Brasil. Todo o processo de comunicação de quem recebe as sementes é coordenado pelo Mapa, cuja superintendência em Pernambuco é responsável pelo balanço e encaminhamento do material para análise no laboratório de Goiás.
De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal, o material não tem certificação e, por isso, está sendo realizada uma “pesquisa do zero” para a identificação dos micro-organismos presentes nas sementes.
Medidas estão sendo tomadas para impedir a introdução de novas pragas no Brasil, ressalta o Mapa. “O cidadão que receber esse material pode entregar para o órgão de agricultura que ele não vai ser de forma alguma penalizado. Ele está fazendo uma colaboração da proteção da agropecuária do Brasil e também evitando o contato com um material que possa ter um risco até para a saúde”, destacou o secretário, na coletiva.
As investigações, a princípio, devem ser feitas apenas na esfera administrativa do Ministério da Agricultura. Após o recolhimento de todas as informações, o ministério pretende entrar em contato com autoridades fitossanitárias dos países que supostamente enviaram o material.
Caso seja necessário, acrescenta o Mapa, serão acionadas autoridades policiais para dar sequência às investigações. “Ainda não há elementos para afirmar se é uma ação intencional para introdução de uma praga no Brasil”, declarou o secretário.
Sementes no Brasil
Apenas países já autorizados pelo Mapa podem enviar sementes para o Brasil. Isso porque o ministério estabeleceu previamente todos os requisitos fitossanitários para a operação. As sementes não têm autorização de chegar ao País por via postal. O material também deve ser certificado pelas autoridades fitossanitárias do país exportador.
Antes de autorizar a importação da semente de determinado país, o Mapa analisa os riscos para identificar quais pragas podem ser introduzidas pelo material. Em seguida, são estabelecidas as medidas fitossanitárias a serem cumpridas no país de origem para minimizar o risco de introdução de novas pragas no Brasil por meio da importação desse material.
Balanço do Mapa por estado até 6 de outubro:
Santa Catarina – 39
Rio Grande do Sul – 32
Paraná – 32
Rio de Janeiro – 28
Goiás – 18
Mato Grosso – 15
São Paulo – 15
Amapá – 11
Rondônia – 10
Mato Grosso do Sul – 8
Ceará – 7
Minas Gerais – 6
Bahia – 6
Distrito Federal – 6
Pará – 4
Acre – 4
Espírito Santo – 3
Sergipe – 3
Roraima – 3
Alagoas – 2
Paraíba – 2
Pernambuco – 2 (uma amostra em Águas Belas, no Agreste; e uma em Jaboatão, na RMR)*
Piauí – 1
Tocantins – 1
Rio Grande do Norte – 1
Amazonas – 0
Maranhão – 0
*o número de Pernambuco foi atualizado pela Superintendência do Mapa no Estado em 7 de outubro
FolhaPE