Vendas de São João devem cair pela metade em Pernambuco
As fogueiras e festas juninas estão proibidas neste ano, como medidas para conter a disseminação do coronavírus, mas o São João é uma tradição no Nordeste e não vai passar em branco em Pernambuco. As comemorações serão em casa e, por conta do novo formato para festejar, as vendas no comércio serão impactadas de forma negativa. A estimativa é que o faturamento alcance apenas 50% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas de Pernambuco (FCDL-PE). Porém, a expectativa é que alguns segmentos sejam menos afetados, como o de alimentos e bebidas, enquanto outros devem ser mais penalizados, como o de vestuário, calçados e acessórios.
A flexibilização do comércio no estado terá uma nova etapa nesta segunda-feira, com a abertura dos shoppings com capacidade de 30%, além do comércio de rua, de centro e bairro, em sua totalidade. Porém, ainda assim, esta nova fase na retomada das atividades econômicas não será capaz de reverter as vendas como um todo. “Não esperamos que o consumidor chegue logo, ele ainda tem a preocupação, que é importante, por sinal. Então ele deixa de sair de casa por causa disso. Sabemos que tem que ter cuidado com o distanciamento. Então com certeza não teremos um São João como do ano passado”, afirma Eduardo Catão, presidente da FCDL-PE.
Os impactos também vão se estender para o interior do estado, já que os festejos juninos costumam ser fortes nesta região de Pernambuco. “Mexe muito com o interior porque as festas começam no Recife, mas vão para municípios como Gravatá, Pesqueira, Arcoverde e outros. Em todo canto tem festa, é algo muito nosso e que tem uma importância muito grande”, acrescenta.
Segundo pesquisa do Instituto Fecomércio-PE, que fez um levantamento com 1380 consumidores pernambucanos, 53% pretendem comemorar os festejos juninos. “Esse percentual é bem baixo em comparação com outros anos, quando a intenção de consumo ficava em 70%. Mas, ainda assim, o percentual de 53% é um número a ser comemorado, diante do momento atípico que estamos vivenciando”, ressalta Rafael Ramos, economista da Fecomércio-PE. As medidas restritivas também mudaram a forma como as pessoas pretendem comemorar.
Se antes as festas eramo principal foco, neste ano uma nova forma de festejar entra em evidência, já que 55% das pessoas responderam que vão comemorar a data com as lives, que são os shows onlines. O jantar ou almoço em casa ficou em segundo lugar, com 53%. “Não tem bares abertos, nem shows e nem festas privadas, as pessoas não podem ir para os tradicionais polos no interior. Então a principal comemoração é dentro de casa, com as lives, que se popularizaram neste período”, complementa.
O economista ainda reforça que, dentro do percentual de 47% dos consumidores que não pretendem comemorar os festejos juninos, 70% deles justifica o momento de pandemia como principal motivo. “Eles alegam que não vão comemorar por conta do isolamento social e da quarentena. Em segundo lugar, ficou o fato de estarem sem dinheiro, desempregado ou endividado”, pontua. (DP)
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