Mattia é pesquisador e grande esportista. Além de futebol, é um fundista que disputa provas de rua e voluntário da Cruz Vermelha No começo de fevereiro, reencontrou em um jantar um amigo que acabara de retornar da China sem nenhum sintoma da covid-19. Dias depois, surgiram os primeiros sintomas. Parecia uma gripe. Era 15 de fevereiro. No dia 17, Mattia não foi trabalhar. O médico de família o examinou. No dia seguinte, procurou o hospital. Deram-lhe um antibiótico e o mandaram para casa.
Ninguém associou sua doença à covid-19, que então atingia a China. Nem Mattia se lembrou de contar aos médicos sobre o jantar. No dia 19, seu estado piorou e ele voltou ao hospital e, 24 horas depois, estava entubado na UTI.
Foi aí que surgiu a hipótese de covid-19. Iniciou-se a corrida atrás dos lugares por onde Mattia havia passado e uma busca pelas pessoas com quais estivera. Tarde demais. Superativo, antes que a doença de Mattia fosse descoberta, o paciente zero participara de duas corridas com amigos da empresa e de atividades como voluntário.
Quem dera o alarme sobre seu caso, revelando o jantar com o amigo retornado da China, foi a mulher, Valentina, que também se contaminara. Levada para um hospital de Milão, ela melhorou logo e foi para casa. Os pais de Mattia, que contraíram o vírus, tiveram alta no dia 10. Um dia antes, o pesquisador deixara o respirador artificial da UTI, quando um coquetel de medicamentos experimentais começou a fazer efeito.
Valentina e Mattia decidiram que a filha do casal se chamará Gioia (alegria, em italiano). Anteontem, ela esteve no hospital para visitar o marido. “Estou emagrecido, em forma. Meu único desejo é estar ao lado da minha mulher durante o parto”, afirmou Mattia. Valentina passou todos os dias recebendo, às 18 horas, telefonema do médico Francesco Mojoli, que lhe dava as notícias sobre o estado de saúde do marido. “Ficava todos os dias esperando aquele momento”, afirmou Valentina ao Corriere della Sera. (G1)