Mercado vê agenda superficial de candidatos
Passada a euforia dos investidores nesta segunda-feira (8), agentes do mercado cobram que os candidatos no segundo turno da corrida presidencial usem as próximas semanas para detalhar suas propostas econômicas e mostrar como planejam executá-las. A crítica é que as agendas são superficiais e geram incertezas, tanto do lado do candidato petista, Fernando Haddad, como do de Jair Bolsonaro, do PSL.
O ponto central é como eles vão combater o crescente déficit fiscal do país, apontam economistas, entidades e empresários ouvidos pela reportagem. “O primeiro turno mostrou um voto contra algo, mas no segundo turno é preciso entender a que dizer ‘sim’. Os planos de governo apresentaram linhas gerais muito rasas”, diz Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman.
Para Rodrigo Soares, professor de políticas públicas brasileiras da Universidade Columbia, o PT de Fernando Haddad, que passou com 29,3% dos votos válidos, reforçou “muito da história do partido, da adoção de políticas econômicas desenvolvimentistas desastrosas, com interferência nas estatais”.
No caso de Bolsonaro, que abriu ampla vantagem com 46% dos votos, as políticas são vistas como menos prejudiciais, ao menos no curto e médio prazos. Sua equipe fez claro aceno ao mercado falando em privatizações e enxugamento do Estado. Mas a avaliação é que falta substância às propostas. “É muito genérico. Há a expectativa de uma política liberal, mas mesmo isso não é muito bem definido”, diz Soares.
Da parte de Haddad, a lista de preocupações é mais extensa e carrega um temor em relação ao maior intervencionismo assumido pelo PT. “Há uma ilusão de que haverá recurso público para investimentos em infraestrutura”, diz Frischtak.
No programa do petista, menciona-se a criação de um fundo de financiamento da infraestrutura. Há também a previsão de reverter o teto de gastos públicos para acomodar investimentos no setor.
Para Venilton Tadini, presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), o próximo governo de fato precisa abrir espaço no Orçamento para retomar os investimentos, mas diz que isso deve ocorrer com cortes no custeio e redução de isenções fiscais. (Folhapress)