abela da ANTT dobrou o preço do frete e deve ser alterada, diz ministro da Agricultura
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP-MT), afirmou nesta quarta-feira (6) que a tabela de frete divulgada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mais que dobrou o valor do frete cobrado e que ficou “fora de qualquer padrão”.
“Ao fazer as contas e ver quanto ia custar, esse negócio ficou fora de qualquer padrão, subindo até duas vezes, duas vezes e meia, com relação ao frete que estava sendo praticado antes da greve”, disse.
A tabela de fretes foi instituída por medida provisória para atender a pedidos dos caminhoneiros para encerrar a greve que durou 11 dias e gerou uma crise se abastecimento em todo país.
O ministro afirmou que procurou a ANTT e que a agência chegou a conclusão que vai precisar alterar a tabela. “A tabela era para ser um preço mínimo, mas da forma que ficou, a tabela acabou ficando um preço máximo, até fora dos padrões que a agricultura pode pagar para transportar”, afirmou após participar do lançamento do Plano Safra 2018/2019.
Segundo o ministro, um frete que antes da greve custava R$ 5 mil, após a tabela passou a custar R$ 13 mil a R$ 14 mil. “Não há a possibilidade de ter um frete tão caro assim e no final quem vai pagar a conta é o consumidor”, disse o ministro.
O ministro entende que não deveria ter uma tabela de frete, mas que ninguém vai fugir do acordo que foi feito com os caminhoneiros. Ele defendeu a readequação dos valores.
Mais cedo, a ANTT divulgou nota à imprensa informando que o assunto vem sendo “discutido com prioridade” na agência desde a semana passada e que em breve será divulgado um ajuste na tabela.
“Em breve, a ANTT publicará ajustes na tabela, com dados mais detalhados, que irão esclarecer as possíveis dúvidas”, diz a nota.
A ANTT disse, ainda, que vai abrir um processo de consulta pública para discutir o assunto “amplamente” com a sociedade.
Peso da tabela
Representantes do agronegócio dizem que a tabela de fretes está afetando os negócios e o escoamento de grãos, o que deve impactar negativamente as exportações agrícolas do Brasil neste mês.
O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Júnior classificou a tabela do frete como um “retrocesso”. Segundo ele, os preços definidos elevaram os custos para escoar a produção.
“Como é que nós estamos dizendo que somos uma das agriculturas mais modernas do mundo, altamente competitiva, se nós temos um retrocesso desse? De uma hora para outra voltar a tabelamento? Isso é retrocesso”, completou.
Em entrevista a jornalistas no Planalto, Martins declarou que, caso a tabela não seja revista, a CNA vai questionar a medida adotada pelo governo na Justiça.
“A CNA se posicionou da seguinte maneira: tem de rever essa tabela, ou então a CNA vai tomar todas as medidas possíveis, até ir para a Justiça, até questionar a legitimidade da tabela”, disse.
Segundo Martins, a tabela inviabiliza atividades do setor. “Se continuar [valendo a tabela], vai inviabilizar, tanto que houve parada total de embarque de grãos, houve parada total de negociação de exportação”, afirmou.